O Sistema Federação das Indústrias de Mato Grosso tem desenvolvido ações e projetos para impulsionar a agroindústria no estado, se tornando nova referência nacional em soluções para o setor no país. Para debater o avanço dessa agenda, dirigentes do Departamento Nacional (DN) do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi), cumpriram agenda de dois dias (9 e 10 de outubro) nas cidades de Campo Verde, Primavera do Leste e Cuiabá, conhecendo de perto a realidade regional.
A delegação do DN foi composta Diretor-geral do Senai, Diretor-superintendente do Sesi e presidente do Conselho Administrativo do BNDES, Rafael Lucchesi; Diretor de Operações do Senai, Gustavo Leal; Diretor de Operações do Sesi, Paulo Mól; e Superintendente de Educação Profissional do Senai, Felipe Morgado.
Mato Grosso é o maior produtor agrícola do país, com liderança nas safras de soja, milho e algodão. Com relação aos grãos, só o estado é responsável por cerca de 30% de toda produção nacional. Já cerca de 70% de todo algodão produzido no Brasil é mato-grossense. Na contramão do cenário nacional que apresenta desaceleração da indústria, Mato Grosso tem registrado crescimento da sua produção industrial e esse resultado é puxado especialmente pelos setores agroindustriais.
Para o presidente da Fiemt, Silvio Rangel, o novo ciclo de desenvolvimento de Mato Grosso passa pela industrialização do estado. “Está clara qual é a nossa vocação econômica. Somos líderes na agropecuária e isso é valioso para o nosso estado. Mas agora precisamos avançar e intensificar a verticalização da produção, é isso que irá proporcionar um novo ciclo de desenvolvimento para Mato Grosso, tornando nosso estado mais rico e com mais qualidade de vida para as pessoas”, afirmou.
Agenda prática
Quanto de indústria tem no agro? Para responder essa pergunta na prática, o grupo visitou fazendas do Grupo Bom Futuro, uma das gigantes do agronegócio no mundo. Em três unidades na região de Campo Verde, a delegação da CNI conheceu uma indústria de beneficiamento de algodão, uma indústria de beneficiamento de sementes e uma bioindústria, que produz defensivos orgânicos para as lavouras.
O grupo também visitou uma unidade da FS Sustainability, uma das maiores produtoras de etanol a partir do milho do país. Altamente tecnológica, moderna, a empresa é exemplo de produção sustentável.
Para Rafael Lucchesi, a região centro-oeste, e especialmente Mato Grosso, tem grande diferencial competitivo nos temas de bioenergia e agregação de valor nos produtos do agro. “Foi uma missão fantástica porque vimos um agro moderno, altamente tecnológico e com muitas possibilidades de verticalizar e agregar valor, de impulsionar uma série de atividades para frente e para trás na cadeia produtiva. Vimos o quanto o Brasil é diverso e o enorme potencial de desenvolvimento econômico e social que a região tem”, afirmou.
Vocação agroindustrial
Em Mato Grosso, o setor agropecuário é responsável por 29% do PIB do Estado e a indústria 17%. Enquanto no Brasil a agropecuária responde por apenas 7% do PIB e a indústria representa 23%. Este cenário mostra que o estado pode crescer na área industrial utilizando como matéria-prima os produtos da agropecuária.
Dos R$ 4 bilhões da massa salarial dos trabalhadores da indústria, metade vem do segmento agroindustrial, tais como indústrias de etanol, setor de base florestal e frigoríficos. Mato Grosso tem 165 mil trabalhadores na indústria, sendo que 47% estão nas agroindústrias.
Por isso o Sistema Fiemt tem dedicado esforços para esse segmento. Entre os exemplos, está o Observatório da Indústria, que faz análise de dados, produzindo conhecimento aplicado e inteligência estratégica, especializado em agroindústria.
O Senai possui centros de treinamentos especializados em máquinas agrícolas em parceria com as principais marcas mundiais, como John Deere, Case IH e AGCO.
Outra inovação é o direcionamento do Instituto Senai de Tecnologia para atender com produtos, serviços e inovação as cadeias agroindústria. Neste ano foi lançado o primeiro edital de inovação aberta para a agroindústria do Brasil, com mais de 100 soluções inscritas e 24 startups selecionas para resolverem problemas e entregarem soluções à oito empresas agroindustriais do estado.
O Sesi apresentou o projeto, já em faze de implantação, do maior centro de treinamento agroindustrial do país. Usando realidade virtual e simuladores com tecnologia da Coreia do Sul, a nova unidade trará inovação aos treinamentos de trabalhadores no Mato Grosso.
Diretor de Operações do Senai, Gustavo Leal afirmou que o grande desafio do país e da indústria é verticalizar a produção dos commodities. “O Senai, nos últimos anos, tem investido muito na área de tecnologia e inovação temos uma rede com nível de maturidade muito avançado. Vamos colocar todo o portfólio desses institutos para juntos atender melhor a indústria mato-grossense e o agronegócio. O Senai Mato Grosso tem sido pioneiro nesse tipo de ação e nós queremos nacionalizar isso a partir da experiencia exitosa de Mato Grosso”, afirmou.
Também acompanham a agenda o Diretor Regional do Senai MT, Carlos Braguini, Superintendente do Sesi MT, Alexandre Serafim, Superintendente da Fiemt, Fernanda Campos e os diretores da Fiemt, Ayres dos Santos e Adilson Valera.
Texto: Ana Rosa Fagundes
