Adolescentes em conflito com a lei concluem curso de capacitação em Mato Grosso - Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso

Adolescentes em conflito com a lei concluem curso de capacitação em Mato Grosso

16/12/2019 - 17h51
Quando comecei este curso, um cara chamado Evaldo foi lá na sala falar pra gente ir além. No início, eu não entendia muito bem o que ele queria dizer com aquilo. Ir além pra mim era outra realidade. No meu mundo não havia essa possibilidade. Mas quando eu comecei a ir todos os dias, eu fui descobrindo o que ele queria dizer com aquela frase: ir além. Durante o curso, aprendi muita coisa e hoje sei o que é ir além. Ir além pra mim é correr atrás dos nossos sonhos, é lutar todo dia pelo que a gente quer. Ir além é desanimar às vezes, mas também não desistir nunca. Hoje eu sei que ir além é sonhar, sorrir, chorar também, mas lutar sempre com a certeza que Deus não abandona a gente. Obrigada a todos que me ajudaram a ir além. Muito obrigado!”.
Foi com essas palavras que um dos 29 adolescentes que concluíram o curso de operador de computação, oferecido pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) em parceria com o Poder Judiciário de Mato Grosso (PJMT), agradeceu a oportunidade que teve de enxergar novos horizontes para sua vida, ao ter contato com um dos agentes da infância, profissional que acompanha o cotidiano de menores em conflito com a lei, orientando, ajudando nas questões escolares, profissionais e familiares.
A cerimônia de entrega de certificados, ocorrida na tarde de quinta-feira (12), foi marcada por palavras de motivação e superação, não só dos alunos, mas de todos os envolvidos, já que esta foi a maior turma já formada pelo Centro de Medidas Socioeducativas (Cemso) da 2ª Vara Especializada da Infância e Juventude de Cuiabá.
A juíza Cristiane Padim iniciou o evento com uma dinâmica em que todos se levantaram e, com as mãos em punho, repetiram várias vezes as palavras; “Eu quero, eu posso!”. “Essa conquista que é unicamente de vocês e por esforço de vocês. O que nós fazemos é apoiar, é orientar. O esforço é todo de vocês porque vocês se permitiram e espero, de coração, que continuem a se permitir fazer escolhas diferentes, escolhas baseadas em conhecimento, principalmente que vocês adquiriram durante esses dois meses. Desejo sucesso a vocês e espero, de coração, que vocês tenham internalizado e aprendido que quando a gente quer algo, a gente faz acontecer", aconselhou aos formandos.
A gestora do Cemso, Alciane Rodrigues, atribuiu o sucesso do curso à união de esforços de cada um. “Eu acredito que foi um trabalho conjunto de todo mundo, dos adolescentes, principalmente, que houve a conscientização deles, da família, dos agentes da infância, do pessoal do Senai, que nos ajudou muito”, destacou.
De acordo com a instrutora do Senai no curso de operador de computação, Vanessa de Lourdes da Silva, os adolescentes encaminhados pela Justiça da Infância e Juventude apresentaram bom desempenho e, com a capacitação, poderão sair à frente no mercado de trabalho. “Como em todos os cursos, a gente tem alunos que têm um pouco mais de facilidade e outros mais dificuldade. Mas eu acredito que o desempenho final deles foi muito bom. Eu consegui identificar talentos, eles são muito inteligentes, tiveram um bom resultado”, avaliou.
A juíza Cristiane Padim, da 2ª Vara Especializada da Infância e Juventude de Cuiabá, observou que, além do curso oferecido pelo Senai, o Poder Judiciário também mantém outras parcerias que visam a reinserção de jovens em conflito com a lei na sociedade. Dentre eles, estão vagas em instituições de ensino superior, estágio remunerado no Fórum e na Prefeitura de Cuiabá, práticas restaurativas ofertadas pelo Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) da Infância e Juventude, como constelação familiar, círculos de paz e oficinas de pais e filhos.
Segundo a magistrada, todo trabalho é feito visando dar oportunidades para que esses jovens percorram novos rumos. “Esses projetos influenciam diretamente na diminuição da reincidência porque a gente percebe que eles acabam, na maioria das vezes, escolhendo diferente. Trocam a escolha do ato ilícito pela escolha do ato lícito, como o trabalho, por exemplo”, destaca a juíza.

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